sexta-feira, 10 de agosto de 2007

14/07/2007 O primeiro dia do resto da minha vida...


O post é extremamente longo, mas este espaço é antes de mais o nosso diário, que espero que a Tiz um dia se delicie a ler. E eu não posso correr o risco de me esquecer de um único pormenor do dia mais memorável da minha vida... o dia em que fui Mãe.

Dia 13/07/07 - 6ª feira

Como no dia anterior já estava a sentir menos a minha bebé, e como o médico me tinha dito que se nesta semana isso acontecesse devia ir ao hospital só para confirmar eu assim fiz.

Na sexta de manhã acordei, andei a arrumar umas coisinhas para preparar a chegada dos meus papás à noite e à hora de almoço fui buscar o P. ao trabalho e disse-lhe que queria ir ao hospital fazer um ctg para ficar mais descansada. O P. deixou-me à porta do hospital por volta das 13 horas e combinamos que assim que estivesse despachada ligava-lhe para me ir buscar como das outras vezes que lá fui. Na triagem deram-me a cor amarela ao contrário das outras duas vezes em que me deram laranja, mas subi logo para o 4º andar e fui para o ctg. Estive lá quase 1 hora, achei estranho foi muito mais do que das outras vezes, mas soube tão bem estar a ouvir o coração dela... a enfermeira veio chamar-me e fui atendida pelo médico que fez os procedimentos habituais, toque, febre, análise à urina, etc. Ele disse-me logo que a frequência cardíaca da Tiz estava um pouco alta, entre os 160-180 bpm, e queria fazer uma eco para ver como ela estava. Lá fomos para a sala da eco e eu comecei a ficar nervosa, perguntei que implicações podia ter e o médico nunca queria responder, só dizia "já vamos ver". Na eco estava tudo ok, o médico perguntou-me como é que eu não a sentia porque ela não parava de se mexer, não conseguia fazer as medições! Quando terminou a eco ele deixou-me sozinha na sala e disse que ia pedir uma opinião a uma colega e que já voltava... eu fiquei a roer-me toda naquela sala gelada. Daí a uns minutos entra o médico e a dita colega pela sala dentro, e ela dizia "interna, não hesites, interna!" e tornou a sair da sala. Eu perguntei ao médico "ela estava a referir-se a mim?" ao que ele me responde que sim. Umas lágrimas tímidas começaram a correr pela minha cara, não era assim que eu tinha imaginado... o médico perguntou-me porque é que estava assim e eu disse que não ia preparada (psicologicamente) para ficar, ele foi muito simpático e brincou, tentou-me acalmar. Então aí o médico lá me disse o que se passava, uma ligeira taquicardia fetal, nada grave mas como estava no fim do tempo era conveniente fazer uma vigilância de perto para ver a evolução. Lá vesti a bata e fui levada para uma enfermaria onde estavam 2 grávidas de 20 e tal semanas com gravidez de risco, provavelmente até ao fim da gravidez. Liguei ao P. e aos meus pais que já não viam a hora de chegar!

Foi por volta das 16 horas que me deitei ligada ao ctg e foi aí que começaram as contracções, felizmente o ritmo cardíaco da Beatriz normalizou e manteve-se sempre bem até vir cá para fora, o P. chegou e esteve comigo até terminar o horário das visitas, por volta das 20 h. Entretanto fui posta a soro e a tal médica que decidiu que ficaria internada tentou rebentar-me as águas mas sem sucesso. Quando o P. foi embora fiquei realmente triste, pois sentia-me bem ( aparte das contracções ) a tiz também já estava bem e eu só queria ir embora dali, queria ir buscar os meus pais ao aeroporto e não me estava a imaginar a dormir fora de casa sozinha... O acompanhante não pode ficar durante a noite, excepto se for para a sala de partos, para a qual era essencial ter 3 cm de dilatação, que eu não tinha. Por isso o P. lá foi com a indicação de não largar o telemóvel, pois poderia ser chamado a qualquer hora. Andei pelos corredores até por volta da 1h, de telemóvel na mão e com o carrinho do soro na outra a pedir a Deus que corresse tudo bem e que a manhã chegasse depressa.

Dia 14/07/07 - Sábado

As contracções continuavam a aumentar de intensidade e o espaço entre elas era cada vez menor, eu não conseguia dormir e por volta das 2.20h sinto um líquido quente a escorrer-me pelas pernas, fiquei tão mas tão feliz, pensei que já devia faltar pouco. Chamei a enfermeira (a única que não gostei naquele hospital) que me fez o toque e disse tá muito atrasado, respire! E fecha a porta e vai-se embora. Fiquei tão desconsolada, mas resisti a ligar ao P. não valia a pena acordá-lo, aquelas horas de sono iriam fazer-lhe falta nos dias seguintes. Daí até às 8h em que vieram dar o pequeno-almoço (que eu não tive ordem de comer, bem como o jantar na noite anterior) eu não dormi um único minuto, com as contracções de 3/3, 5/5min a apertarem cada vez mais ( e eu pensava que essas contracções doíam!). Por volta das 9h o P. apareceu com os meus pais e foi tão bom vê-los! Mas como não era a hora da visita, esquivaram-se para a sala de espera. A enfermeira Arlete ( um anjo que eu tive comigo) vem fazer-me o toque e diz que já tenho os benditos 3 cm, posso finalmente ir para a sala de partos, de onde o meu maridinho já não precisa de sair! Antes fui tomar um banho e fazer o clister. Quando ali entrei só pensava que dali só sairia com a minha princesa. A enfermeira preparou as roupinhas que a Tiz iria vestir e eu e o P. estivemos a maior parte do tempo sozinhos na sala, onde ele se fartou de filmar e fotografar. Por volta das 11h e com pouco mais de 4 cm pedi a epidural, achava eu que as contracções estavam muito fortes. Depois de administrada esperamos 30/40 min e a dita não fazia efeito, a médica foi a outra sala e disse que depois voltava para saber se já estava a fazer efeito. Ela foi e voltou e nada de efeito, voltei a ser picada e aí sim senti o efeito daquele líquido maravilhoso. Posso dizer que quase dormi de tão relaxada que estava. Por conhecermos várias pessoas no hospital, abriram uma excepção e deixaram os meus pais entrarem na sala de partos num instantinho, ficaram mais descansados pois viram que não estava a sofrer mesmo nada. Por volta das 15h, com uma fome gigantesca pois não comia há quase 24h, começo a deixar de sentir o efeito da anestesia e tornaram a vir dar-me um reforço, mas já não teve a eficácia da 1ª dose. Por volta dos 7 cm, perco de vez o efeito da epidural e suplico pelo reforço, as contracções eram de facto insuportáveis. A médica vem passado demasiado tempo e eu não cheguei a sentir o efeito. Foi a partir daqui que o caso começou a mudar de figura, e a calma que tinha tido até então, deu lugar ao desespero e ao pânico. Das milhentas pessoas que entravam e saiam daquela sala encontrava-se o dr.Zeferino uma figura que ainda hoje me arrepio só de pensar. A enfermeira dizia que estava com a dilatação completa mas que ainda tinha um pouco de colo a toda a volta e que era melhor aguardar mais um pouco, que se fosse o 2º filho talvez desse mas sendo o 1º era muito difícil... e o médico sempre a insistir. O P. diz que cada vez que ele tirava as mãos dentro de mim vinham rios de sangue... ele só dizia para fazer força na contracção, mas a dor era tão grande quando ele tinha as mãos dentro de mim que eu não a conseguia distinguir da contracção, e estava continuamente a fazer força a cansar-me inutilmente. O facto de nem uma vez ter sentido vontade de fazer força só ajudou ao meu descontrole, pois fazia força no corpo todo, exactamente aquilo que aprendemos a não fazer. Eu estava completamente desesperada e a achar que não conseguiria suportar aquele sofrimento nem mais um segundo, todos me diziam para fazer força, só que onde é que ela andava? Até que uma médica manda subir as pegas da cama " como é que querem que ela faça força se não tem nada para se agarrar?" e com as mãos a agarrar a cama fui fazendo força. A dada altura mandam o P. sair, ele que esteve todo o tempo ali connosco, que se aguentou tão bem e ansiava por ver a princesa e filmá-la, teve que sair na melhor parte, iam usar a ventosa. A Tiz tinha uma volta do cordão ao pescoço o que dificultava a descida completa e o médico não queria fazê-la esperar mais tempo, mesmo ela estando bem. Agarrada às ditas pegas e com a médica a falar-me ao ouvido "faz força como se fosses arrancar essas pegas da cama!", eu fiz força, toda a força que tinha e imaginava a Tiz cá fora, era ela, só ela a razão da minha força.

Eram 17.39h quando ouvi o choro da minha filha e quando a vi de cabeça para baixo pendurada como um coelhinho tão comprida e tão linda! E o meu mundo deu uma cambalhota, nada era igual, naquele instante a minha vida tinha finalmente uma razão de ser, a Maria Beatriz. Puseram-na em cima da minha barriga, mas virada de pés para mim, que eu comecei logo a beijar, estava difícil de ver a carinha dela, quando finalmente a viraram e eu a "conheci", olhámo-nos nos olhos e senti o que ninguém sabe descrever. Uma emoção que parece que rasga o peito, tornando difícil respirar e que vai aumentando de intensidade todos os dias. Eu que estive instantes sem reacção, senti as lágrimas tomarem conta dos meus olhos a ponto de nem conseguir olhar para ela. Levaram-na para pesar e vestir e reparei no alto na cabecinha devido à ventosa, que a enfermeira garantiu ser normal. Não conseguia tirar os olhos dela e só pensava como é que de um momento para o outro, no mesmo instante em que a vi, deixei de sentir dor. É inacreditável. Levaram-na para o pai a ver, e eu consegui vê-los através da porta entreaberta... ele ficou extasiado e sem reacção a olhar para ela, desde o dia do nascimento da Tiz, o P. tem os olhos ainda mais doces e meigos, o amor por ela transborda por todos os poros.

Quando saímos da sala de partos para a enfermaria 9, cama 27, a Tiz juntinha a mim na cama, fomos "bombardeadas" pela família que nos esperava ansiosa e a opinião foi unânime... tinha nascido a bebé mais linda do MUNDO!!!

12 comentários:

  1. Não tenho palavras...
    Só as lágrimas que me escorrem pela cara...
    Beijos grandes!

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  2. Acho que te portas-te muito bem......fiquei super emocionada.... foste uma valente!!!!!
    Bjs
    Susana

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  3. Eu estou como a Ana, de lágrimas a correr pela cara abaixo! Nem sei o que dizer, a não ser parabéns mais uma vez pela tua menina!
    Beijinhos

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  4. Bem, eu adoro post longos e apaixonei-me pelo teu ;)
    Acho que a Tiz vai concerteza ficar toda babada quando um dia o ler.
    Beijinhos GD

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  5. Tou a ver que não fui a unica a chorar ao ler as tuas palavras... realmente deve ser emocionante... e falta cada vez menos...espero ser tao corajosa como tu!
    A Tiz está linda!!
    beijos grandes

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  6. Que lindo relato, sempre me emociono ao ler as descrições dos partos... e eu nem tive um parto vaginal, com grande pena minha!!
    Tudo a correr bem!!!

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  7. Oh, como eu te entendo. Foste de certeza muito corajosa! Parabéns!
    Claro que as lágrimas me escorrem pelos olhos...pra variar.

    E dói, não dói!

    Eu sei como dói! parece que não vamos aguentar nem mais um segundo. É muito violento. E eu fiz tudo sem conhecer essa amiga: a epidural.

    beijinhos à Tiz e um especial à mamã!

    Vai dando noticias!
    joana

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  8. Que odisseia!! Parabéns mais uma vez!!! beijinhos de mais uma chorona...

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  9. Tão lindo minha linda... foi tudo tão especial! Queria que soubesses que estive sempre contigo e sempre estarei!... Chorei nesse dia e choro agora outra vez... inevitável :)

    Beijinho do tamanho do amor que vocês demonstram ter todos os dias pela vossa princesa linda... Tita Lala

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  10. foi um final feliz e emocionante.tiveste coragem e foi o melhor.muitos parabens mais uma vez e bjs a tiz

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  11. A nossa vida muda mesmo e nós tb mudamos... tornamo-nos pessoas muito melhores! Adorei ler o teu relato deste momento tão importante. Aliás... desde que sou mãe não há uma única vez que não termine um relato do parto sem que as lágrimas me escorram pela cara. São momentos únicos que nós mulheres temos o privilégio de sentir, ainda que muito dolorosos.
    Portaste-te muito bem. Foste uma valentona!!!! Parabéns!!!

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  12. PARABÉNS!!!
    Hoje a Tiz faz UM MESINHO!!!!
    ~Beijinhos Nossos

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